quinta-feira, 8 de maio de 2008

Os Caminhos da Liberdade

Por Guilherme de Moraes Alvarez


Pois, bem!

Se você quiser corrigir meu texto, por favor, dê-me seu endereço primeiro.

Para que serve a filosofia?

Como estou ansioso para escrever vou dar a minha opinião: a filosofia serve para alcançarmos a felicidade. Pronto, falei. Mas não é mesmo?

No início pode parecer que não. Parece que eles só se preocupavam com o universo e a natureza. Sócrates deu os primeiros conselhos sobre como ser feliz. Claro, a sociedade no tempo dele, onde ele vivia, era muito diferente. Talvez os conselhos de Sócrates não sejam tão úteis hoje. Sócrates não precisou se preocupar com emprego, por exemplo.

De qualquer forma todos os filósofos foram grandes caras. Com alguns eu concordo mais, outros menos. O problema é que nenhum deles parece ter sido muito feliz. O Nietzche eu tenho certeza que não foi. O Kant pode até ter sido, mas era muito preocupado. O Descartes não tenho certeza, mas acho que ele era meio preocupado também. Que lição eles nos deixaram de tudo isso? Como o mundo funciona? Ninguém quer saber. A Física já explica um bocado mais do que as pessoas estão interessadas. Como funciona o ser humano? Pode ser, mas creio que eles são todos um tanto divergentes. Cada um tem a sua teoria sobre o ser humano. Os existencialistas, ironicamente, parecem ter sido mais felizes. Tudo que eles fizeram foi jogar no lixo toda a filosofia anterior e decretar que as pessoas podem ser o que quiserem. Isso é muito legal. Claro que pouca gente conseguiu ser feliz assim, já que o vazio de não existir uma natureza intrinseca pode ser bem devastador. E os livros existencialistas são bem trágicos.

Isso quer dizer que eu penso que o existencialismo é a melhor filosofia? Não. Se fosse, eu não estaria sofrendo agora. Não é nada de mais. Não se preocupem.

Então, qual é a melhor filosofia?

Esta é a barreira que eu estou tentando quebrar. Em algum lugar está a filosofia da felicidade. Em algum confim da existência está a felicidade. O budismo é uma filosofia bem interessante pois está focado mais ou menos nisso. O budismo, entretanto, fala de uma iluminação que apenas uma pessoa alcançou. Estamos há milênios tentando ser tão bons quanto o Buda. O problema é que temos pouco tempo. Não podemos dedicar nossas vidas estudando sobre como sermos felizes para descobrir nos últimos cinco anos. Queremos ser felizes agora.

Isto nos leva para o próximo passo. O que é ser feliz?

Esta é a pergunta certa. Sinceramente, não tenho certeza. Sei, entretanto o que é ser infeliz. É sofrer o tempo todo. Sofrer o tempo todo é o quê? Peguei vocês. Desafio qualquer um a comentar aqui no blog uma definição de sofrimento. O prêmio é a honra. Eu penso (homo sapiens sapiens) que sofrimento é a ausência de certa(s) condição(ões) que desejamos/precisamos, sendo sofrer o verbo que exprime a ação de estar em estado de sofrimento. Acho que a definição é bem completa. Sofrendo eu mesmo, pude analisar bem a coisa. Logo, por que sofremos?

1. Sofremos porque somos diferentes. O que isso significa, levada em conta a definição? Isso mesmo. Significa que desejamos a companhia de outros seres humanos. Não desejamos ser iguais. Não. Desejamos que nossas diferenças não sejam fator de afastamento. É mais do que pacífico o conhecimento de que o ser humano precisa de outros seres humanos. Logo, o afastamento causa sofrimento. A solidão causa sofrimento.

2. Sofremos porque temos compaixão. É impossível não sofrer com a condição miserável de outros seres humanos. Isso é ainda mais prova de que precisamos de outras pessoas. Logo, o que nos faz sofrer é a ausência de reciprocidade. Desejamos que o mundo seja justo. Sofremos, assim, porque a sociedade é frustrante. A sociedade nos nega alguma coisa que precisamos e nós sofremos.

3. Sofremos porque a vida é chata. Desta forma, precisamos sentir prazer. O objetivo da existência, seja lá como você colocar em termos práticos, é viver momentos prazerosos. A ausência de prazer causa sofrimento.

Uma vez que o ser humano conseguir resolver seus conflitos, todos os outros problemas sumirão.

Por que existem desigualdades na nossa sociedade é uma outra questão no caminho desta filosofia. Sabemos que existem lugares no mundo onde as desigualdades são ínfimas. Existem pessoas mais ricas e menos ricas, mas todos têm condições boas de vida. Isso garante a felicidade? Não, porque ainda ficamos com o problema da solidão e dos prazeres. Resolver o problema da solidão é a outra metade da solução.

Eu tenho algumas teorias. Já falei disso aqui no Crônicas. Pretendo entrar neste assunto mais tarde. Em resumo, devemos encontrar o equilíbrio entre envolvimento e privacidade. É complicado, mas não é impossível. Quando nos envolvemos muito sem deixar espaço acabamos julgando cada pequena coisa nas pessoas e isso leva ao afastamento. É complicado. Outro grande problema é o sentimento de possessão nos relacionamentos afetivos (não gosto desse nome). Devemos pensar em nossos companheiros como parceiros de truco. Se ele(a) jogar com outra pessoa, tranquilo, desde que não pare de jogar conosco. O problema é o medo. Temos medo que a pessoa nos deixe e por isso não queremos que ela experimente. Eu digo que isto é a própria receita do fracasso. O caminho para um relacionamento forte é a superação própria. Não devemos ter medo que outros sejam melhores. Devemos ser melhores.

Isso tudo deverá ser abordado posteriormente. O importante é: o que é ser feliz, então? É a ausência de sofrimento? Sim, para esta definição de sofrimento. Para termos algo mais completo devemos unir as duas definições. Felicidade é a ausência preocupações/problemas complementada por diferentes atividades prazerosas. Creio que aqui englobamos tudo, por enquanto.

O terceiro passo é um projeto filosófico que nos ajude a ser feliz. Não conheço todos os filósofos. Pode ser que alguém já tenha pensado nisso. Se você souber de alguma coisa me avise. O nosso caminho é esse. Em breve teremos mais o que conversar.

Por favor, quero comentários. Não pode ser que você leia e concorde com tudo.

Em breve, também, meu conto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Felicidade é realizar atividades prazerosas, ter consciência disso e saber valorizá-las, e poder compartilhar isso com alguém. Pode parece simples. Não é.
Em primeiro lugar, a maioria das pessoas está mais preocupada com outras coisas do que em se divertir. Tem muito o que aprender.E é lamentável notar que essa mesma maioria não está disposta a isso. Que esperem então pela recompensa que virá no fututo ou na outra vida (pena que o futuro nunca chega e a outra vida não existe).
Em segundo lugar, há aquela ínfima minoria de pessoas que tem tudo para se divertir - condições positivas e ausência de preocupações mundanas -, como a feliz população da Suécia. Curiosamente, a feliz população da Suécia é a população mais infeliz do mundo, já que é lá que se tem o maior índice de suicídios. Seu problema é a falta de contraste. Parece que o ser humano não sabe dar valor àquilo que nunca lhe faltou. Só parece. Capacidade de pensamento abstrato é uma característica humana. Recomenda-se usá-la.
O terceiro ponto é o compartilhamento. Obviamente, o mais complexo. Ora, se, como já foi visto, a maioria das pessoas é tão alienada que têm objetivos de vida equivocados ou são incapazes de pensar abstratamente para direcionar suas ações no presente e saber valorizá-las; se é assim, com quem os poucos que não são assim poderão compartilhar?
Não acredito na humanidade. E todos os filósofos são ao menos em parte infelizes, porque têm consciência da precariedade humana e sabem que o compartilhamento da felicidade nunca será pleno. Até hoje, a melhor receita para a felicidade é a ignorância.