quinta-feira, 17 de julho de 2008

Jardim do diabo

Por Guilherme de Moraes Alvarez

Faz um tempo que eu não escrevo. Ando muito empolgado com possíveis empregos novos, mais turmas, dinheiro no bolso.

Quero ver se escrevo coisas consistentes, pra variar. Cada post falando num assunto novo sem terminar os anteriores me frustra um pouco.

O que significa que eu tenho que ler o Crônicas. Complicado.

De qualquer forma, tem que ser feito, já que decidi fazê-lo. Vou ler posts passados e discorrer mais adequadamente sobre cada assunto. Tem coisas que não merecem ser relembradas, posts que não disseram nada, exageros em geral; mas tem um bocado de coisas que podem nos aproximar um pouco mais do nosso humilde objetivo: felicidade (e o fim dos clichés).

Começando pelo primeiro problema de todos os seres humanos: frustração. É a primeira coisa que acontece e a última coisa que vai acontecer na vida de qualquer um. Devemos estabelecer a importância do fenômeno. A dialética a ser usada por nossa filosofia é a seguinte (se é que isto pode ser chamado de dialética): a ausência do fenômeno estudado leva à extinção do sofrimento? Se leva, parabéns, descobrimos o segredo da felicidade. Se não leva, passamos para o próximo passo: o fenômeno pode sozinho causar sofrimento? E por aí vai. Não vou explicar o método até o fim. Para que serviria um filósofo se seu método de pensamento fosse facilmente replicável? E você vai entender a medida que o raciocínio é montado.

Sempre que pensadores se debruçam sobre uma questão alguém pergunta: mas o que é tal coisa (o que é frustração)? Em seguida eles discutem e discutem até chegar numa definição perfeita da coisa que não serve para nada. Conceituar frustração não nos tem nenhum valor. Devemos trabalhar com os padrões de linguagem e com as definições corriqueiras, a primeira coisa que vem na mente. Se não o fizermos, criaremos uma filosofia que resolverá os problemas de um ser impecavelmente conceituado que não existe.

Frustração então não é uma palavra mágica que invoca significados universais. Frustração é perder o emprego, ver cancelado um programa com os amigos, perder uma partida de xadrez, perder o ônibus. Está sempre conectado com uma expectativa (que é o sujeito passivo das orações: a expectativa de subir no ônibus na hora certa foi frustrada).

Tudo isso nos leva à melhor parte. Pense comigo: nenhuma frustração significa nenhum sofrimento?

Pense bem.

Comente aqui. Eu quero saber o que você descobriu.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A insustentável leveza de ser

Por Guilherme de Moraes Alvarez

Serve bem para acalmar a alma inquieta um objetivo.

Então, lá vai.

O que sempre me causou agonia é a falta do que fazer com a vida que levamos. Então a pessoa se apaixona e isso fica completamente de lado (e a alimentação). Mais tarde os amores não são correspondidos e a agonia fica insuportável. Neste ponto os objetivos se tornam vitais.

Mais legal ainda é ter uma missão. A insustentável leveza de ser (que estou lendo) é exatamente a falta de uma missão. Os mestres Jedi não tinham mais com o que se preocupar além de sua missão. Eram felizes (depois veio a guerra e o imperador mandou matar todos eles, mas isso é detalhe). Na falta de uma missão alguns de nós se deparam com a leveza de ser o que quiser, que é insustentável. Eu, pelo menos, acho muito difícil. Por isso que ao terminar de ler os livros eu fico me sentindo vazio. Creio que todas as pessoas que sofrem dessa solidão compulsiva sentem a mesma coisa.

Falei tanto de ser feliz e não sofrer e de se relacionar com as pessoas e dispensei os outros filósofos porque não resolveram o problema de ninguém, mas não consigo resolver o meu problema. Só me resta a serenidade, como sempre.

Todos os filósofos são assim: um cara que pensa demais, se sente muito sozinho (carente), mas não tem coragem de se matar. Acho que mulheres não passam por isso, daí a falta de filósofas.

Eco-chatos e super direitos feministas não contam. Não é filosofia.

Ainda acho que meus conselhos são bem formulados. Siga eles se quiser ser feliz. Vou realçar em negrito os pontos-chave da minha vida até agora e basta fazer o contrário. Não tem erro.

Qual é o objetivo então? A missão?

Bem. Primeiro eu tenho que ganhar dinheiro. Se eu passar fome não adianta nada. Isso é um objetivo. Uma missão é alguma coisa que ajude as pessoas. Isso é que dá muito prazer para uma pessoa como eu. Na falta da realização própria se realiza pela felicidade dos outros, desde que não esteja passando fome. Ou algo assim. Mais tarde vou achar estas palavras muito fortes.

O filósofo se sacrifica para que as pessoas possam aproveitar as coisas pequenas de que a felicidade é feita, porque ele próprio é incapaz de fazê-lo. No fundo, todo filósofo tem uma missão desta forma. Posso estar errado (por favor). Posso não ser filósofo. Tenho esperança nisso. Afinal, tudo que aprendi até hoje me deu uma boa ideia de quão grande é minha ignorância. E como é grande. Na luta diária pela sabedoria (que espero adquirir antes de ser muito tarde) gostaria de descobrir que não sou carente e que não preciso de ninguém. Não preciso fazer cafuné ou um almoço especial. Não preciso ser engraçado e prestativo (minhas formas de compensar meus defeitos que cedo ou tarde decepcionam as pessoas e me afundam na depressão). Seria muito bom. Ou gostaria de ver alguém que eu ame todos os dias e continuar sendo engraçado e prestativo (para compensar apenas pequenas coisas que não machucam ninguém). Qualquer hipótese serve para mim e para os outros filósofos. É uma pena que não vai acontecer. O filósofo paga em sofrimento por não ter respostas para a humanidade. A humanidade que não liga para os filósofos e até os despreza um pouco (como os X-MEN). Um dia eu terei respostas. Esta é a minha missão, eu acho.

Complete todas as minhas frases com "eu acho"/"ou não".

Mal terminei de escrever e já estou achando minhas palavras muito fortes. Afinal, esqueça tudo. Pare de ler esta porcaria e vá no cinema com alguém ou coma uma coisa gostosa. Ligue pra mim se não tiver companhia.

Outra hora eu escrevo filosofia de verdade.