sexta-feira, 20 de junho de 2008

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Super legal, não é mesmo.

Eu não tenho o Crônicas na minha barra de favoritos. Mal exemplo, mas eu tenho o Kibe Loco, Vagas de Emprego em Porto Alegre e BBC Brasil. O Informaçã eu acabei de colocar.

Vá em frente e coloque seu blog favorito na barra (se não for o Crônicas seu favorito).

Em breve filosofia.

terça-feira, 3 de junho de 2008

O ateu e o sábio

Por Guilherme de Moraes Alvarez

Pois, bem. Os seres humanos são muito engraçados.

Estava lendo Sartre agora há pouco (sério? imagina!) e resolvi falar de algumas coisas que eu não tinha falado ainda.

Quem viu as sequências de Matrix e não entendeu batatas e ainda achou ruim o final não prestou muita atenção. O que todo mundo queria mesmo era pancadaria e ver a Trinity. No final do Reloaded tem um super diálogo entre Neo e o Arquiteto. O Neo não entende nada, como todo herói e o Arquiteto tenta explicar, mas como o filme não pode ter cinco horas de duração ele fala tudo muito rápido. Eis um resumo:

'Você (Neo) está aqui porque tudo foi arranjado para você estar e agora você deve, de acordo com o que já aconteceu antes nas outras iterações da sua existência, ser reabsorvido pelo sistema (enviado pra lixeira) e a anomalia que vive no seu cérebro desaparecerá até os erros começarem de novo, quando um novo Neo surgirá. Entretanto, agora as coisas são um pouco diferentes, você tem um bocado de habilidades a mais que os outros Neos não tinham e você está bem relutante (por causa da trinity, que estava morrendo naquela hora). Como você bem colocou, o problema é a escolha.'

Neo então escolheu salvar a Trinity e acabar com tudo. Bem feito pro Arquiteto. O que aconteceu foi um clássico existencialista. Matrix é cheio de filosofia, pra quem não tinha notado. Neo estava confrontado com a escolha e não tinha nenhum parâmetro, nenhuma moral superior, nenhuma crença, nada que decidisse por ele. A decisão era dele e somente dele e seria determinante para a vida de todas as pessoas e a existência de todas as máquinas, só que com a literalidade que a ficção traz para as coisas.

O problema é escolher.

A vida é um tanto irônica para nós. Acho que é um lance natural para seres que pensam. Estes dias me aconteceu um lance super irônico que me deixou bem irritado, mas passou. Se você se esforçar demais vai acontecer tudo ao contrário.

A ironia maior da vida é que tudo é muito bonito, mas temos que escolher. Esta é a angústia do existencialismo. Temos que escolher, e isso é um saco. Não é só isso. Estamos sozinhos e damos à vida o significado que queremos. Isso também é difícil de aceitar e quase todas as pessoas se escondem nas ideias de destino e poderes superiores para se esquivar da responsabilidade de escolher as essências de suas vidas, suas naturezas, o seu sentido. É ruim acordar e perceber que a vida não tem sentido, que não existe uma única razão para continuar vivendo. Existe apenas o que escolhemos que exista. A razão para viver é a que escolhemos que seja. É difícil, mas não podemos nos esquivar da responsabilidade. Eu não posso desaprender a pensar e viver na ignorância para ser feliz. Mesmo que pudesse, aprenderia tudo de novo e não adiantaria nada.

Escolher é inexorável. Mesmo que eu decida não escolher, já estarei nisso fazendo todas as escolhas.

E por que isso é tão ruim? Porque estamos sempre abandonando coisas boas a cada escolha que fazemos. E qual o problema nisso? Frustração.

O sofrimento é o prazer que deixa de ser. Isso pode ser dito de várias formas. Escolha a que mais te agrada. A frustração pode ser o próprio sofrimento. Cada vez que escolhemos alguma coisa estamos nos frustrando por ter perdido outra. Somos impotentes em relação a isso, e impotência é muito ruim. O sofrimento é em nós como nas crianças. Neste ponto nunca evoluímos. Queremos algo. Algo não acontece. Sofremos. Queremos algo e algo. Temos que escolher. Sofremos.

Acho que dá para entender. Se não der, leia daqui a uns cinco dias.

Existe solução? A pergunta que não quer calar. Eu pensava que não. Mas agora penso que sim.

Sempre posso estar errado. Sempre posso mudar de ideia. Não tenho compromisso com o erro. Acho que a solução é a seguinte: abandone tudo que você tem medo de perder. Simples falar, difícil fazer. Há duas formas que eu enxergo de cumprir isso. A primeira é literalmente. Abandone o que você tem medo de perder. A segunda é mais poética. Abandone o medo de perder. Como isso? Vamos lá.

Todas as coisas são substituíveis. Apenas a vida é insubstituível e a morte é a única certeza. Até mesmo estas afirmações podem ser enganos. Assim sendo não podemos nos atrelar ao que nos rodeia. O que somos está marcado em nossas escolhas. Não somos nada além do conjunto de nossas escolhas, tudo que fizemos. Não somos o que deixamos de fazer. Não somos o que poderíamos ter feito. Acima de tudo, não somos o que temos. Podemos viver sem comida? Podemos viver sem amor? Se assim quisermos, talvez. Em princípio, não. Entretanto, não comemos todos os dias a mesma comida. Não usamos sempre a mesma roupa, não vivemos sempre no mesmo lugar. Nem mesmo pensamos sempre as mesmas coisas. Desta forma não devemos temer a perda de coisa alguma. Sempre teremos outras coisas para pôr no lugar. Das coisas que perdemos devemos apenas guardar boas memórias. Das coisas que vamos perder devemos apenas procurar boas memórias. Devemos abandonar o que não se pode substituir e substituir o que se pode, quando chegar a hora. O problema é escolher. Eu escolhi abandonar tudo que tenho medo de perder.

O lado bom é que existem coisas que não temos medo de perder, como o amor de um grande amigo. Estas são as melhores coisas da vida. Tenho dois conselhos sobre isso:

1. ouça seus próprios conselhos.

2. conserve as grandes amizades.

Como aquela música dos Beatles: "I get by with a little help from my friends".

No fim das contas um ditado popular resume tudo brilhantemente. Nem sei para que servem os filósofos.

"Viva hoje como se fosse seu último dia."

Eu reescreveria:

"Viva este mês como se fosse seu último mês."

Acho mais apropriado.