quarta-feira, 30 de maio de 2012

Onomatopeia do arroto

"Eu tava ouvindo o rádio outro dia e, nem sabes, o cara arrotou no meio do programa. Todo mundo ouviu. Cara, muita gente ouviu. Ele fingiu que não aconteceu nada e seguiu falando."

- Tu falas demais.

"Não, não. Não tás me entendendo. O cara arrotou. Como pode uma coisa dessas? Em pleno ar. Todo mundo ouvindo. Não precisa ir de barriga cheia. Eu sei que é depois do almoço, mas por favor..."

- Qual o problema?

"Qual o problema? Sério? Não acredito nisso. É feio. O pessoal do vôlei achou engraçado. A gente tava tudo ouvindo junto. Mas eu não achei tão engraçado. Eu achei uma vergonha. Se o cara não consegue se controlar enquanto fala pra milhões de pessoas, não fala."

- Deve ter sido muito engraçado.

"Foi deprimente. Totalmente deprimente. Ele deveria ter sido punido. Expulso. Sei lá."

- Não tens mais nada pra te preocupar além desse arroto?

"Eu tenho que depositar um dinheiro da prestação da moto. Não é nada de mais. Só ir no caixa."

- Não foi isso que eu perguntei.

"O que foi, então? Eu não entendi. Tem alguma coisa errada? Sempre tem alguma coisa errada. Foi o que eu falei do arroto, não foi? Olha, eu só acho que ninguém tem que se sujeitar à falta de educação dos outros. Eu ouço o programa pra me inteirar do mundo e das coisas que me interessam e são importantes, não pra ouvir os movimentos peristálticos de um velhinho biruta."

- Não é um programa de esportes?

"É um programa de esportes sim. É o mais importante de todas as rádios."

- Eles não ficam só batendo papo?

"Eles dão suas opiniões e discutem os resultados e avaliam os jogadores e os técnicos e os clubes e os campeonatos. É a elite jornalística do esporte. Por isso que tanta gente acompanha."

- Eles não dão notícias, então?

"Como assim? Eles dão sua opinião. Eles discutem. São as melhores cabeças do jornalismo esportivo. Não é fácil cobrir esportes. Existe muita coisa em jogo."

- Não parece muito importante.

"Claro que é importante. Tá dizendo que eu perco meu tempo? Que eu tenho que me preocupar com outras coisas? Vou assistir palestras sobre aqueles pintores então. Vou ver uma exposição de fotografias. Não tem programas de rádio sobre isso também? Ou na televisão?"

- Teu time perdeu, por acaso?

"Joga na cara, então. Joga na cara que eu torço pro time errado, que somos uns derrotados, que nunca vamos voltar à glória de outros tempos. É esse o problema? Pois eu não vou... Vai sair? Eu vou fazer o jantar daqui a pouco."

- Vou comer uma pizza.

Será que eu devo?

Há um monstro adormecido ou contido de qualquer forma.

Ele se alimenta de pequenas migalhas que podem ser qualquer coisa. Qualquer palavra menos polida serve. Se muitas migalhas sobrarem para ele, pode ser que nem mais precise delas. Pode ser que ele ganhe vida eterna. Por enquanto ele cresce.

O que se teme também é o que dá vida. Sem o monstro sobra o vazio. Todos passam pela jaula e o alimentam. Mais algumas migalhas, um gesto diferente, um olhar abaixo de zero, uma expectativa, um pedido, uma oferta, uma exigência, uma opinião, qualquer coisa sem importância, qualquer coisa importante demais, um minuto em silêncio, uma eternidade sem, frases sem verbo, orações grandes demais, forma sem conteúdo, forma escondida na falta de forma, conteúdo sem conteúdo. Crescendo.

Há uma decisão a ser tomada. No fundo todos querem ver o monstro sair da jaula. O monstro preso é pouco melhor do que nada. É sem graça. É tudo que eu tenho. É quem eu sou.

Sem graça. Melhor do que nada.

domingo, 27 de maio de 2012

Compilando

Tá, então.

Daqui pra frente, tipo, muitas expressões idiomáticas. Deixar o lance mais coloquial, sabe...

Andei revendo algumas publicações aqui e resolvi compilar 10 fotos destes últimos 3 anos de "carreira". Só pra ver qual é que é. Sacou?

Tá, e daí?

Tá na mão. Reclina aí a cadeira e aproveita. Coloca um Sgt. Peppers pra tocar e come uma colherada de Nutella (ou leva o note pro sol e come uma bergamota).

E nenhuma ordem específica...


Essa já tinha aparecido aqui no Crônicas. Foi um incêndio nem lembro onde. Ainda tinha alguns focos e o cheiro de pneu queimado era insuportável. A D3000 proporcionando uma imagem que eu jamais esperaria dela.


Essa eu bati quinta passada. Mais uma das surpresas da D3000. Totalmente original, sem qualquer edição ela já está ótima, o que é raro. Apetrechos para consumo. Poderia ter sido feita em estúdio de tão bom que ficou este fundo. 55mm, f/7.1.


Essa foi em Rolante, RS. As composições de cima para baixo são minhas preferidas. As oportunidades para elas é que são poucas. O momento exato em que a moça olhou para esquerda foi crucial. Essa feita com a minha 550D e a maravilhosa Sigma 24-70mm f/2.8.


"Atrás do muro existe um rio que na verdade nunca existiu." O orgulho de porto alegre quando o sol não está disponível.


Buenos Aires não precisa de explicação.


Essa é uma preferência absolutamente pessoal. É o cenário da janela do apartamento onde eu morava na Vitorino. Algo no cenário urbano oculto de Porto Alegre me fascina. Talvez seja a proximidade de tantas histórias diferentes e ao mesmo tempo a distância que só a cidade grande proporciona. Ou não. Piegas, etc.


Eu fiz uma tentativa com flores. Algumas saíram boas. Eu escolhi esta dentre minhas três preferidas porque o fundo é tão diferente. Fiz essa em 200mm f/8. Flores do pátio da casa dos meus pais em Rio Grande.


Boa Viagem não é a praia mais bonita de Recife e depois das 16h os prédios fazem uma sombra brutal sobre a areia. Todos vão embora e sobra espaço para jogar bola. Essa foi com a D3000 também.


Meu baixista preferido no meu estúdio preferido. Os tons pastéis ganham vida. Foi bem difícil de enquadrar essa e tive que apelar para uma diagonal a fim de que aparecessem todos os braços.


Por último uma das minhas primeiras boas fotos. Ao fundo sangue. O revolver deveria servir para defesa, mas nenhum disparo foi feito. Enquadramento descritivo que por acaso ficou ótimo.

É isso. Não sei se gostei dessa coisa de falar coloquialmente.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dez coisas para fazer no trabalho quando não há trabalho.

Presume-se que os e-mails já foram verificados, as redes sociais estão em dia e o 9gag também já era.


1. Escrever no seu blog;

2. Aprender malabarismo;

3. Resolver o Cubo de Rubik;

4. Bagunçar a sua mesa para parecer que o trabalho está mais intenso do que nunca;

5. Jogar campo minado;

6. Aprender truques com cartas;

7. Pressionar o carimbo automático de cabeça para baixo nas costas do colega e assistir enquanto ele procura a mancha que não existe em sua camisa branquinha;

8. Listar dez coisas;

9. Pensar na vida;

10. Planejar o jantar.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A melhor sensação

Compreensão é a melhor experiência que se pode ter.

É a melhor sensação que existe, junto com o vazio completo de pensamento.