quarta-feira, 2 de abril de 2008

Frustração

Por Guilherme de Moraes Alvarez

Já se frustrou hoje?

Acho que a vida não era tão complicada nos primórdios. Na Mesopotâmia, por exemplo, as pessoas ganhavam terras do Estado para cultivar, davam um pouco da produção para a administração e o resto ficava pra si. As leis eram um tanto severas e se descobrissem que você operou falcatruas te arrancavam alguma coisa do corpo (adultério era super perigoso), mas no geral não era uma vida difícil. Só não tinha internet.

Hoje você tem que passar por um bocado de incomodação apenas para viver. Para arruinar sua vida basta esperar. As frustrações são muito maiores.

Os mamíferos todos têm, acredito eu, um senso de frustração. Nós, humanos que pensam que pensam (homo sapiens sapiens), vivemos pensando nisso, mas acho que todos se frustram.

As formigas eu imagino que não. Os guepardos, sim.

O que torna a frustração humana tão especial? Boa pergunta. Eu teorizo (habitualmente).

A nossa frustração é especial porque nós cultivamos formas de frustrar uns aos outros. É isso. Os guepardos não frustram outros guepardos. Os cervos e os búfalos frustram os guepardos. As secas frustram os búfalos e os cervos. De vez em quando uma fêmea rejeita um macho, mas sem ressentimentos, não é pessoal. Isso acontece conosco também. Somente os humanos, entretanto, possuem sistemas desenhados para frustrar as pessoas como efeito colateral (ou até como objetivo).

Perdi a vontade de escrever. Depois eu continuo.

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