sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O ser e o nada

E o que seria do mundo se não houvesse regras?

A pergunta de Dostoiévski é das mais complexas da filosofia. Muita gente já parou pra pensar nisso. Há duas correntes possíveis, além de suas ramificações. Ou você pensa que as regras são inevitáveis e, portanto, inerentes, ou você pensa que não há regras. Os desdobramentos destes pensamentos são bem interessantes. Recomendo que pense nisso sozinho quando não tiver o que fazer.

O fundamento de todas as religiões, que são os movimentos filosóficos mais abrangentes, embora sejam simplórios, é precisamente a necessidade de regras. As regras são a abstração máxima. Elas existem porque precisam existir. Por isso que pensar sobre elas é tão controverso. Qualquer raciocínio que quebre a rede de racionalizações do ser humano é difícil. Quando se conclui o óbvio vem o desamparo, e em seguida a negação. Desamparo é a descoberta sobre a verdadeira natureza de todas as regras. Dostoiévski passou pelo que todas as pessoas passam cedo ou tarde. Ele foi humilde o suficiente para deixar a questão em aberto, embora muitos pensem que é retórica.

Eu não sou tão humilde.

O que seria do mundo se não houvesse regras? Olhe à sua volta. Exatamente o que ele já é. Sou mais o Kafka nessas coisas.


A humanidade está sozinha no mundo. Somos os diretores, os acionistas, os corregedores. As regras são as que criamos e aceitamos. Veja a crise financeira dos EUA. É o que acontece quando as abstrações montam umas em cima das outras. Veja se você concorda comigo. Se não consegue analisar a questão, não precisa. Você não tem salvação. Se não quer, aproveite a vida, que é bem curta.

Assim que descobrimos a ausência total de direção, descobrimos que somos nada, sem objetivo algum, a maioria de nós entra em negação. Aí entram as religiões e as crenças sobrenaturais. São a defesa contra o desespero total. As pessoas se trancafiam na prisão e reclamam depois. Somos nada. Do nada podemos ser tudo. Tudo e nada são a mesma coisa. Se fossemos predestinados, não deveriamos ter nos rebelado há muito tempo?

Esqueça tudo e crie sua própria filosofia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Viu como eu cumpri o prometido?? Muito legal teu blog! Abraços

Mauren, a repórter da redenção