quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Leituras obrigatórias

Por Guilherme de Moraes Alvarez

Ler sobre a vida, filosofia e estórias profundas sobre como é complicada a relação entre os seres humanos é inevitavelmente chato. Por melhor face que se dê a estória, como no ótimo livro de Kundera (leia), por mais atraente que seja a escrita e maior a vontade de saber como a estória termina, não podemos deixar de nos sentir decepcionados. Por isso que eu prefiro ler Harry Potter.

Estou lendo o último Harry Potter de novo. Em português desta vez (e não consigo deixar de sentir que a coisa toda fica incompleta traduzida, creio que seja falta de talento do tradutor; eu teria traduzido melhor).

Estou quase terminando e a única coisa que sinto é uma grande vontade de continuar lendo. O livro vai terminar e eu não quero que termine. Na primeira vez que li fiquei vários dias deprimido. Me perguntei muito tempo por que eu tinha aquela reação boba. No fundo, eu queria ter um propósito.

Tolice. Se eu quero um propósito eu só preciso escolher um. Sim, mas é mais fácil falar do que fazer. Já escolhi propósitos. O problema é absorver a importância do propósito de forma a fazer com que se torne uma motivação ao invés de um fardo.

Os livros realmente respeitados são tristes porque nos mostram como as pessoas estão constantemente se magoando. Eu não quero o que eles têm pra me mostrar. Eu cansei de pessoas se magoando. O que eu quero é Harry Potter. Famílias que se amam. Pessoas que cuidam de suas vidas sem criar problemas que não existem, sem tentarem impor sua visão aos outros, pessoas que juntam para fazer coisas agradáveis e serem felizes. Pessoas que sentem prazer sem reservas ao se verem. É isso que falta no mundo.

Não posso ser realmente existencialista se me curvo diante da imagem que os melhores livros trazem do mundo e das pessoas. Aquele que escolhe a sua própria essência não se curva quando um livro lhe diz que sua natureza é mentir, mudar de idéia bruscamente e magoar as pessoas. Um existencialista sabe que estão todos errados, sabe que somente ele pode criar sua essência.

A minha essência é ficar feliz com quem eu amo. Ver as pessoas e sorrir. Só isso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Um existencialista cria sua essência, não a dos outros. Os melhores livros do mundo ainda estão certos.
......

"O problema é absorver a importância do propósito de forma a fazer com que se torne uma motivação ao invés de um fardo." (Eu, apud Guilherme)