terça-feira, 27 de novembro de 2007

Distorção

Por Guilherme de Moraes Alvarez

Hoje compreendi que não posso mais viver.

É isso mesmo. Claro que vou continuar vivendo, mas será uma ilegalidade.
Eu explico (dá pra notar a estratégia literária aqui?).

Há um tempo que eu entrei no esquema supremo da vida humana: impressionar as fêmeas. Eu assistia os documentários do cara bigodudo no discovery e não podia acreditar que ele estivesse sendo sensato sobre os resultados de sua pesquisa (é, parece que o cara pesquisou isso). Entretanto, é assim mesmo. Os machos estão o tempo todo tentando impressionar as fêmeas entre as refeições. os que não conseguem de alguma forma acabam desistindo e estendendo suas refeições pra preencher o vazio.

Eu entrei nessa. Confesso que não gosto. Sinto-me controlado o tempo todo. É uma sensação muito estranha mesmo. Me pergunto (ou pergunto-me) se não deveria simplesmente esquecer isso e me concentrar na tecnologia (ou nas refeições que preenchem o vazio da minha vida [que dramático!]). Na maior parte do tempo eu acho que não (fora o intervalo curtíssimo [a mãe natureza errou nessa] entre a satisfação e a vontade de repetir).

A questão toda é que agora que eu entrei nessa eu cometi outro erro: acho as fêmeas exigentes. O erro em si não reside nas fêmeas, mas em mim (eu sou o macho, vivo me dizendo isso; vai que eu esqueço). Eu era perfeito. Inteligente (menos do que eu penso que sou, como sempre); bonito (mais do que eu acredito, o que é bom); moderadamente atraente (suficientemente não-repulsivo); sem um puto furado no bolso, mas não fez diferença (genial); e autêntico (não sei o que é isso, mas acho que significa engraçado). Agora eu não sou mais. Das minhas qualidades originais sobraram apenas a inteligência e, quem sabe, a autenticidade (tem um selo na minha bunda que eu acho que serve pra comprovar) e eu fiquei sem fêmeas. Assim não dá pra viver.

Como isso aconteceu? Boa pergunta.

Teoria 1

Eu fiquei tão absurdamente preocupado em agradar as fêmeas (e com fêmeas eu quero dizer fêmea) que esqueci de ser eu mesmo (a cagada clássica).

Em detalhes isso significa que eu quis aprender todas as filosofias e saber todos algoritmo e tinha ciumes do Nietzche e do Dostoievski, porque eles parecem mais inteligentes que eu. Não preciso dizer aonde deu isso tudo.

Teoria 2

Eu fiquei gordo e agora as fêmeas me acham repulsivo.

Teoria 3

[sua teoria aqui]

O que eu vou fazer agora? Cheia de boas perguntas a vida é.

Relaxar seria a primeira coisa. Somente a mente despreocupada pensa com propriedade. Preciso, naturalmente, descobrir como relaxar. Em seguida eu poderia esquecer os grandes filósofos e reconhecer que eles são todos mais legais que eu (e o Felipe também deve ser). Depois vêm os grandes autores da literatura. Eles também são todos mais legais que eu (acho que porque eles foram mais longe nesse lance de impressionar as fêmeas; grandes livros impressionam pra caralho). Aí então eu posso ler todos e entender por que todo mundo gosta deles (mas desta vez em paz e relaxado). Por fim, eu emagreço e volto a ser inteligente, bonito, atraente, autêntico, e quem sabe eu fico rico (o que não ia machucar minha imagem).

É isso. No fim das contas tudo que eu precisava era um bom tapa na cara e parar e me acalmar. Lembrando as palavras sábias do mestre Yoda:

"Enevoar sua mente, a dúvida irá." E...

"Quando estiveres calmo, em paz, saberás o que fazer."


Ajudem as tartarugas.

(palavras que o blogspot não reconheceu na verificação ortográfica: blogspot, bigodudo, discovery, puto, bunda, Nietzche, Felipe, caralho, Yoda; o Dostoievski foi reconhecido, veja você)

Um comentário:

@efebete disse...

10!

ps: o blogspot não reconheceu meu nome? e eu fiz um cadastro pra quê?