sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O fim da filosofia

Por Guilherme de Moraes Alvarez

Então

Eu estava no ônibus hoje vindo pra casa e por alguma razão eu pensei essas coisas que vou explicar.

Ou

Eu estava no ônibus hoje, vindo pra casa, e,por alguma razão, eu pensei essas coisas que vou explicar.

A grande pergunta (primordial) da humanidade é: existe livre arbítrio? Ela pode ser feita de várias formas, mas o conteúdo não muda. Acho que Kant foi o primeiro, ou tinha alguém antes dele. Não sei. Acho que deve ter mais alguma coisa ou essa é uma parte da pergunta do universo porque não vejo como a resposta seria 42.

Tudo começou numa grande explosão. Ou pelo menos é isso que sabemos agora, e estamos satisfeitos. Os antigos não sabiam disso. Eles sabiam muito pouca coisa. Então eles viajavam mesmo. Acho que o Demócrito (o cara do átomo) foi o que chegou mais perto de algum conhecimento concreto, mas ele não tinha nenhuma base científica. Mesmo assim foi muito bom.

Mas ai veio a ciência, e o Newton, e o universo foi desvendado. A filosofia de desvendar o universo ficara desatualizada. Desde então a filosofia migrou para um patamar diferente: o ser humano. Os antigos não queriam saber do homem. Eles queriam saber como funcionava tudo. Os modernos não se importam com o universo. Só querem saber do homem.

O nó cego da filosofia reside na incapacidade empírica. Muito para contragosto de Descartes, a razão não é toda poderosa. Precisamos de bases empíricas para ir adiante e nosso conhecimento do ser humano ainda é muito limitado, especialmente sobre nossa mente. Vou escrever mais propriamente sobre isso mais tarde (talvez num livro). A filosofia encontra obstáculos no conhecimento limitado da humanidade. Os antigos não sabiam como funcionava o universo e ficaram parados nessa questão até o surgimento da ciência. Eles não tinham para onde ir intelectualmente. É o mesmo tipo de obstáculo que vivemos hoje.

A filosofia da humanidade tenta, essencialmente, definir como devemos viver e o que é ser humano. A partir daí surgiram diversos grandes filósofos(as). Também vou me aprofundar nisso mais tarde. A pergunta que nunca calou e cuja resposta torna obsoletas todas as suas divagações é exatamente a primordial.

A saber: somos definidos por eventos no passado ou podemos escolher nosso caminho? Eu vejo três possibilidades:

1. A tenebrosa. Os eventos do passado e uma infinidade de coisas incalculáveis como as nossas sinapses e os hormônios definem o que vamos fazer. Assim, numa interminável corrente nossas escolhas passadas definem nossas atitudes presentes até o ponto em que a nossa educação e criação definem nossa personalidade, assim como a genética. Ainda, a educação e criação de nossos pais definiram suas personalidades e assim por diante até Adão e Eva. Estamos inexoravelmente presos numa corrente de eventos interligados. A genética tem grande papel nessa hipótese. Estudos com gêmeos idênticos mostram que eles, ao serem separados no nascimento, tendem a ser muito parecidos no futuro (intelectualmente); gostar das mesmas coisas e se vestir de forma parecida e ter os mesmos hábitos e assim por diante. Seria isso indício de que nosso gosto musical é genético? Impossível saber. Essa hipótese tem toda uma corrente filosófica que eu acho que se chama determinismo.

2. A dos orgulhosos. Apesar dos eventos estarem sempre interligados, em última análise o ser humano detêm o poder de mudar tudo. Sempre podemos dizer "chega". Esta hipótese se apoia principalmente no existencialismo. O ser humano faz a sua essência. Somos os únicos capazes de escolher nosso caminho porque somos a única espécie consciente de si. Uma vez que determinamos nossa essência podemos escolher nosso caminho. A questão dos gêmeos fica então sob uma luz mais delicada. Apesar de se tornarem parecidos em suas vidas, os gêmeos idênticos têm a escolha de mudar em qualquer momento. Eles sempre poderão criar novos gostos e ficar diferentes um do outro. A medida que amadurecemos, nosso genótipo tem menos poder sobre nossas vidas.

3. Matrix, um meio termo. Nossas escolhas no passado determinam o que acontece em nosso presente, mas em nosso presente fazemos as escolhas de nosso futuro. A medida que entendemos nossas escolhas é que fazemos escolhas conscientes. Você pode pensar que escolhe um sabor de cheeseburguer na hora que compra, mas você já escolheu em algum momento mais cedo, inconscientemente. Quando você "escolhe" na hora de comprar você está apenas externando um desejo inconsciente que se formou mais cedo, e enquanto isso você faz novas escolhas inconscientes para o futuro. Escolhas conscientes determinadas por desejos mais primordiais também determinam os acontecimentos do futuro. Assim, somos uma complexa mistura de escolhas conscientes, inconscientes e desejos que moldam nossa existência. Não conheço corrente filosófica que vá nessa direção, mas certamente há alguma.

Desta forma, não há como prosseguir para uma conclusão porque não há uma certeza científica sobre a natureza do ser humano. Podemos escolher a corrente que mais nos agrada da mesma forma que os antigos escolhiam se o universo era feito de átomos ou fogo, água, terra e ar. Somente quando a ciência desvendar o mistério de nossa liberdade é que poderemos seguir adiante.

Só não sei se isso é algo que merecemos descobrir. Talvez a humanidade não esteja pronta pra esse tipo de conhecimento. Eu sei que não estou.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cara, deixa de bixisse e vai viver.

@efebete disse...

não sei muito bem
só sei que faço
o que me motiva, o que me entorpece
sei lá, só sei que acontece